A batalha contra as trapaças nos esportes eletrônicos está entrando em uma nova era. A FACEIT está preparando mais uma onda de mudanças que afetará todos os jogadores — desde iniciantes até atletas profissionais. E desta vez, não se trata apenas de simples atualizações do sistema antitrapaça, mas de exigências fundamentais para o próprio sistema operacional.
Confirmação oficial
Em uma publicação oficial no blog, a equipe da FACEIT anunciou a fase final de lançamento dos novos requisitos de sistema, voltados para fortalecer a proteção contra trapaças avançadas em nível de hardware.
De acordo com o comunicado, a partir de 25 de novembro de 2025, todos os usuários da plataforma devem ter o TPM 2.0 e o Secure Boot ativados. Essas configurações já estão habilitadas em mais de 95% dos jogadores, mas agora passarão a ser obrigatórias para todos, sem exceções.
Além disso, a FACEIT continua a implementar gradualmente o IOMMU e o VBS — funções que operam tanto no nível de hardware quanto no nível do sistema operacional. Esses recursos permitem que o antitrapaça controle o acesso de dispositivos externos à memória do sistema, bloqueando assim trapaças complexas baseadas em DMA que antes conseguiam burlar os mecanismos tradicionais de proteção.
A empresa também fez um alerta sobre mudanças futuras: o suporte ao Windows 10 terminará em 14 de outubro de 2026. A partir dessa data, será possível jogar na FACEIT apenas no Windows 11. Essa decisão está sincronizada com o cronograma da Microsoft, que também deixará de lançar atualizações de segurança para o Windows 10 na mesma data.
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O que isso significa para os jogadores
A introdução desses requisitos não é uma mera formalidade. O TPM 2.0 e o Secure Boot verificam a integridade do sistema durante a inicialização, garantindo que nenhum driver ou software não autorizado — ao qual trapaças possam se conectar — seja carregado.
Enquanto isso, o IOMMU e o VBS criam uma camada adicional de proteção entre o hardware e a memória do jogo — uma defesa essencial contra ataques que utilizam acesso direto à memória (DMA).
Para a maioria dos usuários, ativar esses recursos exigirá apenas alguns cliques na BIOS ou UEFI, mas para alguns jogadores a atualização pode representar um desafio. O blog da FACEIT observa que alguns usuários poderão precisar atualizar drivers ou até substituir componentes antigos de hardware.
A empresa enfatiza que esta é “uma exigência difícil, mas necessária para o futuro seguro dos esportes eletrônicos competitivos.”
Análise: a FACEIT redefine o padrão da indústria
Essa iniciativa coloca a FACEIT na liderança em termos de cibersegurança dentro da indústria de jogos. Enquanto a maioria das plataformas depende de antitrapaças tradicionais que funcionam em nível de usuário, a FACEIT está implementando uma supervisão profunda no nível do sistema, aproveitando ferramentas de hardware disponíveis apenas nas tecnologias modernas do Windows 11.
Essa estratégia torna o trabalho dos trapaceiros muito mais difícil, já que antes era possível criar utilitários “invisíveis” em nível de driver. Agora, burlar a FACEIT exigiria atacar a própria arquitetura do Windows, o que aumenta drasticamente a dificuldade para agentes mal-intencionados.
No entanto, alguns especialistas alertam que integração excessiva com o sistema pode causar redução de FPS ou problemas de compatibilidade com certos dispositivos. A FACEIT, por outro lado, afirma que seus testes já cobriram a maioria das configurações populares de PCs e que os problemas surgiram apenas em casos isolados.
Impacto no ecossistema
Essas mudanças não apenas dificultarão o desenvolvimento de novas trapaças, mas também estabelecerão um novo padrão de segurança em todo o ecossistema competitivo de Counter-Strike.
Considerando que a Valve atualmente não exige tais configurações nem mesmo no matchmaking oficial, a FACEIT pode se tornar a primeira plataforma a tornar a proteção em nível de hardware uma norma.
Além disso, a restrição ao Windows 10 significa que alguns jogadores — especialmente de regiões com sistemas mais antigos — correm o risco de perder o acesso à plataforma se não atualizarem seus sistemas a tempo.
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O que vem a seguir
A FACEIT anunciou que em novembro publicará um relatório técnico detalhando o funcionamento do novo sistema antitrapaça.
A empresa reconhece que a transparência total é impossível devido à “guerra de gato e rato” com os desenvolvedores de trapaças, mas promete divulgar mais informações do que nunca.
A plataforma reforça que o objetivo final é criar um ambiente onde o jogo limpo seja garantido não apenas pelas regras, mas pelo próprio código do sistema.

